ACT+ Online (29/05)
ACT+ promove audiência pública na Câmara dos Deputados
A Aliança de Controle do Tabagismo e Saúde (ACT+), em parceria com o
Instituto Nacional de Câncer (Inca), organizou audiência pública na
Câmara dos Deputados, em Brasília, em 28 de maio, celebrando o Dia
Mundial Sem Tabaco.
A audiência reuniu parlamentares e representantes da sociedade civil
para tratar de temas-chave para o momento atual do controle do tabagismo
no país: a ratificação do Protocolo do Mercado Ilícito de Produtos de
Tabaco e projetos de lei que tramitam na Casa e que determinam novas
medidas de controle do tabagismo.
Estavam presentes os deputados Alessandro Molon, Darcísio Perondi, Erika
Kokay, Newton Cardoso Junior e Zenaide Maia, além de coordenadores
estaduais de controle de tabagismo, membros da ACT+, do Inca, da
Organização Pan Americana de Saúde e do Centro de Estudos de Tabaco e
Saúde (Cetab/ENSP/Fiocruz).
O deputado Perondi, que há vários mandatos milita na área de saúde,
apresentou um projeto de lei para estabelecer embalagens padronizadas
para cigarros, assinado por ele e pelos deputados Alexandre Serfiotis,
Chico Alencar, Ivan Valente, Luiz Couto e Molon. A proposta é que os
maços tenham cor única, sem quaisquer elementos gráficos da marca ou do
fabricante. O nome da marca, tamanho e cor de sua fonte serão
padronizados em regulamento a ser expedido pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa). O projeto ainda prevê aumento do espaço
para advertências sanitárias.
A deputada Erika Kokay aproveitou para destacar a importância da
diversificação da fumicultura, uma vez que o país já alcançou um nível
de conscientização alto sobre os males do tabagismo.
Já o deputado Molon quer aprovar o projeto que institui a contribuição
de intervenção no domínio econômico (CIDE), incidente sobre a fabricação
ou a importação de tabaco e seus derivados. O objetivo é o custeio de
ações de tratamento aos doentes vítimas de tabagismo. “Já que é uma
atividade que gera custos para a sociedade, nada mais justo que haja uma
cobrança da indústria do tabaco e que ela pague por isso. Será um passo
importante, sei que teremos que enfrentar uma pressão grande de
defensores da indústria, mas é uma luta necessária”, disse Molon.
A POLÍTICA DE PREÇOS MÍNIMOS E O MERCADO ILEGAL DE CIGARROS
A secretária-executiva da Comissão Nacional de Implementação da
Convenção Quadro (Conicq), Tânia Cavalcanti, e o epidemiologista André
Zckló, do Inca, apresentaram dados inéditos sobre o contrabando de
produtos de tabaco.
A porcentagem de fumantes no país está atualmente em 10,8% (Vigitel
2014, pesquisa do Ministério da Saúde feita por telefone entre
brasileiros acima de 18 anos). O índice representa uma queda de 30,7% no
percentual de fumantes nos últimos nove anos. Em 2006, 15,6% dos
brasileiros declaravam consumir o produto.
Entre os principais motivos para a queda do consumo do tabaco no Brasil
está o aumento do preço dos cigarros. Segundo a pesquisa, 62% dos
fumantes pensaram em parar de fumar devido ao valor do produto no país. A
política de preços mínimos também está diretamente ligada à redução da
experimentação entre os jovens, já que cerca de 80% dos fumantes iniciam
o hábito antes dos 18 anos.
Entretanto, um estudo inédito do Inca demonstrou que, entre os
brasileiros que consomem cigarros industrializados, cresceu a proporção
daqueles que fumam cigarros de origem ilícita. Em 2008, 2,4% dos
fumantes obtinha cigarro proveniente do mercado ilegal – em 2013 o
percentual passou para 3,7%.
“Este aumento mostra a necessidade de ratificar o Protocolo de Comércio
Ilícito, o primeiro protocolo da Convenção Quadro da OMS. O documento
reúne medidas para combater o comércio ilícito de produtos de tabaco. O
Brasil, entretanto, ainda não o ratificou, o que significa que suas
medidas não são colocadas em prática”, disse Tânia Cavalcanti.
De acordo com Tânia, o comércio ilícito de produtos de tabaco é um mal
para o país porque leva jovens e a população mais pobre a provar e
consumir cigarros contrabandeados, já que são mais baratos, diminui a
arrecadação dos países, desestimula os fumantes a parar de fumar e
incentiva o crime organizado.
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